Parece mentira (ou não fosse amanhã o dia para isso), mas já estamos nisto há mais de um ano e esta será a segunda Páscoa que não passámos juntos. Independentemente de andarmos a descobrir ou redescobrir novas formas de celebrar estes dias, que para mim são essencialmente de família, aquele contacto pessoal à volta da mesa, cheia daqueles que tão raramente vemos e com quem apenas conversamos e trocamos impressões nestes dias, faz muita falta! Ok, falamos por telefone ou vídeo-chamada, mas os cheiros e os sabores e as piadas e o amor que se sente no ar não estão lá!
Agarrando-me ao ditado ” A história repete-se!” tenho tido desde o início, lá está, há mais de uma ano, a certeza de que nunca teríamos a situação resolvida antes do final de abril de 2021 – só que estava em crer que a Páscoa seria nessa altura e que ainda poderíamos vir a estar todos juntos à volta da mesa, já a ver o quanto tinham crescido os miúdos e como não se perdeu o jeito para a cozinha e como aquele Vinho do Porto continua uma especialidade!
Confiante que esta pandemia seguiria um curso natural como a Gripe Pneumónica ou Espanhola de há cem anos, com três grandes vagas (primavera, inverno, primavera), deixei-me estar em confinamento, saindo apenas o estritamente necessário e esperando pelo final de Abril 2021 e da Páscoa para o retomar da normalidade… Parece que a normalidade terá que ser outra, pelo menos esta Páscoa será ainda segundo o “normal-confinado”. Mas regressaremos alguma vez ao normal de antes?
Lá está, tendo em conta a história e o decurso da vida pós-pandemias, acreditava que sim. Agora já não sei. O mundo globalizou-se muito mais e muito mais rapidamente do que em 1918 na altura da Pneumónica. Em poucas horas um vírus pode ser transportado de um lado do planeta para o outro, algo que nessa altura levaria meses (com jeito os infelizes portadores do vírus faleciam pelo caminho e já não contagiavam mais ninguém).
Por outro lado, essa globalização e rapidez de contágio pode também ter a “vantagem” de que todo o processo seja mais célere, contagiando e eliminando mais rapidamente os hospedeiros, passando a co-existir mais pacificamente com a humanidade como no caso da gripe sazonal.
Mas voltando à Páscoa, que é uma altura de Renascimento, Passagem, Esperança, aproveitêmos estes tempos mais a sós, mais connosco próprios, para fazermos então o tal percurso, essa Passagem dentro de nós próprios e Renasçamos do outro lado com mais força, mais coragem, mais fé em nós próprios e nas nossas capacidades e nos agarremos à Esperança (quase certeza!) de que tudo passa e de que só não há solução para a morte (e mesmo essa cada vez tem mais soluções)! Certos de que dentro de nós encontraremos as forças para tudo e à nossa volta teremos semprequem nos dê o empurrão para chegarmos onde queremos chegar!
A todos uma Páscoa Feliz!