Estou feliz! Neste momento da minha vida estou feliz! Não me sinto tão bem comigo própria há muitos anos! Muitas mudanças surgiram na minha vida, algumas decorrentes de momentos dolorosos – que me possibilitaram estar aqui convosco – e outras que decorreram da própria pandemia e do confinamento – permitiu-me a possibilidade de ter um melhor relacionamento familiar e de também fazer transformações na minha saúde física. Por isso, neste momento da minha vida Estou Feliz! Tenho a minha Saúde Mental!
Deparei-me há pouco com um texto no Facebook com o qual me revejo completamente, parece a minha história. Apenas não tive a sábia mulher a dar-me a receita, a menos que se entenda a sábia mulher como a própria vida e o coice que me deu. Ainda procuro encontrar-me, não tenho certeza de onde me encaixo exatamente, especialmente a nível profissional. Mas tenho a certeza que nunca me senti tão bem fisicamente, pelo menos nos últimos 15/20 anos! Comecei a cuidar de mim e isso vê-se – parece anúncio de TV! Pelo menos eu gosto do que vejo. Já o que os outros acham, é lá com eles!
Enquanto me procuro, enquanto não encaixo, tenho feito, como vocês sabem, as tais limpezas e arrumações em casa, desentralhando o espaço e a cabeça! Ambientes cheios, acumulados, coisas e assuntos pendentes, prendem-nos no passado ou até mesmo no presente, mas sem futuro.
Para ter futuro é preciso largar tudo ou pelo menos muito, desatulhar, deitar ao lixo, atirar para trás das costas, doar, tirar peso de cima dos ombros. O processo físico de arranjar espaço, deixar tudo mais leve, talvez numa versão minimalista, focada no essencial e principalmente na função, mimetiza-se na mente! Sem nos apercebermos mexemo-nos melhor, temos mais espaço por onde andar, sentimo-nos mais leves, mais livres, mais disponíveis, com vontade de trazer pessoas para junto de nós, partilhar, receber, conversar, não interessa o que pensam do espaço que nos rodeia: as coisas são o que são!
Lá diz o outro “a quem muda Deus ajuda!” e, seja ou não, é começar a ajudar-nos a nós próprios, abrindo caminho, um passinho de cada vez, uma tralhinha de cada vez, gaveta a gaveta, prateleira a prateleira, armário a armário, até que tudo por fim encaixa! Há dias em que estamos como o tempo, cinzentos, mas não faz mal, porque noutros dias começamos a ver o espaço, a entrever a leveza e já não parámos até ter tudo do lugar!
O tal texto* que eu dizia é o seguinte e vejam se não reflete mesmo o interior, o tal que mimetiza o exterior: “O pescoço doía muito. Aí parei de usar roupas apertadas, troquei de cadeira, comprei cintas ortopédicas, fiz yoga, Pilates, fui a quiropratas e médicos de todos os tipos, mas a dor continuava; peso, carga, incómodo que não deixava dormir e às vezes, até custava a respirar…
Um dia uma sábia mulher me disse que era porque carregava demasiado há muito tempo. Só de olhar para a minha coluna tensa e comprimida, só de sentir com o seu toque de mãos velhas e inchadas a minha pele nua ela soube…
E então disse: “Tantas pressões carregou com os anos, tanta dor e rancor que perdeu a conta, carrega o peso do próprio mundo e do alheio…” E aí, eu expirei todo o fôlego que estava retendo há mais de duas décadas… Ela segurou as minhas mãos nas suas, nessas mãos de idosa, fez-me baixar as mãos, soltar os ombros, levantou-me o queixo e encostou-se atrás de mim. Os seus lábios aproximaram-se do meu ouvido e suavemente me disse:
′′ Nem tudo é culpa sua ′′
′′ Nem tudo é sua responsabilidade ′′
′′ Você não pode fazer tudo ′′
′′ Você não pode resolver tudo ′′
′′ Você não precisa aceitar tudo ′′
E os meus olhos começaram a soltar lágrimas grossas como cristais partidos, houve um momento em que pensei que choraria sangue, de tanta dor que estava a sentir. Pouco a pouco os meus ombros voltaram ao seu lugar, o meu pescoço ficou macio e levantou novamente, as minhas costas ergueram-se como há anos não acontecia e ouvi os meus ossos emitir um ruído assustador… O peso do mundo tinha saído dos meus ombros, o peso das dores do passado tinha finalmente caído para o chão, ia ser usado como degrau…
Os seus olhos lupinos olharam-me expectantes e disse: “Há dores que se carregam no coração e essas não há como tirá-las facilmente, aprenda a soltar o passado ou acabará afogando o seu futuro… e também compreenda que a falta de perdão não magoa mais do que àquele que não pode perdoar.”*
Be your self – Be your best – Enjoy your life!**
*Adaptação livre de texto de autor desconhecido.
**Sê tu próprio – Sê o teu melhor – Desfruta a tua vida!
4 Responses
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