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Coelhos, vergonheiras, saúde e higiene

Numas outras Tagarelices contei-vos as minhas experiências com aves e as figurinhas que faço na rua.

Mudando de aldeia e ramo familiar, noutra aldeia onde tive o privilégio de estar, era deixada à solta para andar pela quinta e, pouso certo era a coelheira!

Obviamente que tinha de ter o máximo de bichinhos possível pelo máximo de tempo possível, pelo que, toca a aproveitar, ia à coelheira, corria atrás dos coelhinhos, apanhava os que não me batiam a perna (logo, os mais pequenitos) e vá de os trazer numa bacia, para dentro de casa, para verem os desenhos animados de domingo da manhã – sim, criaturas mais novas, não havia Netflix, não havia videogravadores, nem cassetes, nem CDs ou DVDs, e bonecada, só mesmo ao domingo de manhã e no Canal 2.

Ou era isto ou ia fazer bolos para a cozinha da desgraçada da minha tia.

Claro que os coelhinhos não ficavam grudados na televisão como a vossa interlocutora, pelo que, pouco depois, andavam todos espalhados pela sala, a fazer caquinhas debaixo dos móveis!

Pobre tia! Ainda a estou a ver de vassoura a apanhar as caquinhas dos bichinhos enquanto eu os voltava a caçar para dentro da bacia com a ajuda da prima! E vá-se lá saber porquê achavam-me montes de piada e nunca ninguém se zangou comigo! Foram momentos tão bons! Tive uma infância mágica!

O meu amor por animais é de tal ordem que já passei até umas vergonhinhas jeitosas, das quais demorei uns mesitos a compreender a real dimensão. Como quando em pleno período de Páscoa, na aldeia, observava um rebanho de ovelhas que se encontrava a pastar numa propriedade privada e aparece o pastor com um grande facalhão à cinta, montado na sua motorizada, se dirige a outra família que lá se encontra, conversam em privado e depois se vira para mim e pergunta “A sra também quer escolher um borreguinho?”. Pronta resposta da vossa amiga: “Oh, não obrigada! Já tenho umas cadelas grandes lá em casa! Já não posso ter mais animais!”.

A sério. Mesmo. Demorei meses a perceber que o homem me estava a perguntar se eu queria um borrego para a Páscoa. NUNCA me passou pela cabeça que não fosse para ter como bichinho de estimação!

Lá está! Tivesse eu um plaminho de terra, teria uma ovelha para acertar a relva, um casal de gansos como cão de guarda, quiça uma arara (no mínimo um papagaio), um coelhinho, um furão, um porquinho Babe!, para além do zoo atual.

O pior é que nem é só a questão do espaço. Ou das dores de alma que já vos contei aqui. O pior são as questões de saúde e higiene. É que toda esta bicharada faz caquinhas e precisa de cuidados! Desde banhos (que confesso, são praticamente anuais, e afirmo, não lhes tenho visto a falta!) a escovadelas (ok, imensamente necessárias se não queremos ter a casa a parecer o Faroeste mas que acabam a ser mais para relaxar do que outra coisa) à higiene dos espaços, e tudo isto leva infinidades de tempo.

Tempo este que aprecias quando olhas para um bichinho e constatas que já cá não estaria se não tivesses tido o tempo e a paciência para estar 10 dias a dormir no chão, a dar refeições fortificantes liquefeitas de seringa em punho (quase pela goela abaixo), a limpar rabinhos e trocar resguardos e mantas, a levantar quadris com fitas para suportar o peso do bichinho (quando as perninhas não o suportavam) para o bichinho ir à casinha e não fazer no lugar onde se deitava… a picar o lábio para controlar o açúcar no sangue, a dar insulina…

Não só os melhores produtos para cuidados de saúde e higiene são suficientes para salvar um bichinho que está com as quatro patinhas na cova… Falta o amor, a dedicação e o tal do tempo.

E por isso, por muito que queira, não posso alargar o zoo cá de casa a outras espécies, sob pena de não ter para lhes dedicar, o tempo de qualidade que merecem e lhes é devido!

Sê tu próprio – Sê o teu melhor – Desfruta a tua vida!

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