Felicitas

Estando eu doentita; a braços com uma crise de “fruta da época”; abafada abifada e substituindo o avinhada por litros de chá de limão gengibre e mel; não pude cumprir o desígnio de ontem de “Ir dar uma volta”! Já hoje, Dia de Santa Felicidade (Santa padroeira dos pais que perderam filhos, das viúvas, da morte de crianças, dos mártires, do fortalecimento dos filhos e da esterilidade), posso gozar a felicidade de estar abafada por/com pelo menos 3 fêmeas peludas (a 4a ainda não apareceu hoje)! De distintas famílias animais, não deixam no entanto de estar enroscadinhas, vigilantes, atentas às escorrências nasais da sua humana ou a qualquer outro sintoma que exija, por exemplo, uma massagem vibratória ronronante para libertação de “gatinhos” do peito! Muito mimo e muito amor (lambidelas fora porque eu não gosto), lá se encostam tanto que nem dá para caber um vírus!

Considerem-se da família ou não, são sempre um conforto especialmente quando as crias biológicas se encontram a tratar dos próprios voos.

Já Felicitas pediu o impensável para uma mãe: assistir à tortura e execução dos seus 7 filhos para os poder apoiar na sua morte… foi torturada e executada depois, tudo por não renunciarem aos seus princípios, à sua fé, mas duvido que algo houvesse mais para torturar no peito desta mãe que 7 vezes passou a dor maior que alguma mãe pode passar – sobreviver aos filhos. A execução acabou na realidade por ser um ato de misericórdia.

E mil oitocentos e cinquenta e sete anos depois, cá estou eu enroscada em filhos peludos, a pensar que nada mudou naquilo que é ser mãe, que mil vezes se sacrificariam pelos seus filhos, que a sua perda é a dor maior. Não os poder apoiar, não saber como estão ou onde estão – por certo a maior tortura.

Reflexões de uma pobre adoentada? Delírios de uma adoradora de cães? Devaneios de uma dona de gatos? Só uma mãe sabe daquilo de que estou a falar. Da força, da garra, da imensidão do poder de uma mãe quando lhe ameaçam os filhos. A natureza assim nos fez, capazes de exponenciar a nossa força para salvar as nossas crias.

E seja força física ou não, se de peito rasgado, coração dilacerado, mas inteiras por fora, defendemos os nossos filhos, somos como Felicitas, que deveria sim ser padroeira de todas as Mães, cuja felicidade é aquela dos seus filhos.

Torna-se estranho que um nome tão bonito, carregado de tanta luz, arraste consigo uma história tão dura, tão forte, tão intensa… Não deixa no entanto de ser uma história de amor, do amor mais puro e incondicional de todos, do amor por um pedaço de nós! A dor no coração desta mãe transborda para o nosso, mas penso que mais que tudo a devemos homenagear com luz, com amor, com felicidade, esperando ter a força e a coragem de Felicitas, sem nunca a precisar de utilizar!

Be your self – Be your best – Enjoy your life

Partilhar artigo!

Últimos artigos

2 Responses

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *