La Tomatina

Estamos privados de festas e celebrações há cerca de 3 anos. Não sei se, no início, sequer teríamos algum estômago para celebrações. As pessoas que perdemos, o tanto que ficou por fazer, o tanto que se perdeu pelo caminho. Não havia definitivamente vontade para celebrar.

Depois disso um ano passou. A vontade de fazer coisas diferentes, ou antes!, de voltar ao que era normal, fazia os nossos dedos formigar, sentíamos uma necessidade profunda dentro de nós. Mas não foi possível. Novos confinamentos,  novas medidas, o que parecia já ter passado, voltou atrás. Mais uma vez, perdemos familiares, perdemos amigos, perdemos talvez a vontade de viver, mas de novo, a tal necessidade de voltar ao normal, o tal formigueiro na ponta dos dedos, aquela impressão no fundo do estômago, voltou a aparecer e precisamos mais do que nunca de repor a normalidade!

Nada nunca trará de volta os familiares e os amigos que se foram, mas não podemos continuar como se vida não continuasse, e precisamos libertar toda esta tensão, esta dor, este medo, que temos escondidos, guardados, dentro de nós e deitar tudo cá para fora e é assim, neste dia 31 de agosto de 2022, é assim que se vão sentir com certeza, todas as pessoas que chegarem à praça de Buñol, aguardando pelos magníficos tomates bem maduros, para poderem tirar uns aos outros, como quem atira todas as maleitas, todas as perdas, todas as dúvidas, todos os medos, todas as ansiedades, lançando-os bem longe, assim libertando a tensão há muito acumulada.

120 toneladas de tomates, e 22000 pessoas terão um peso levantado de cima dos ombros!

Precisamos acima de tudo, mais do que tomates de todos os tipos e feitios, dos comestíveis às recordações, é de um motivo, mais, ou menos, válido, para descarregarmos tudo o que temos vindo a carregar nestes últimos anos. Sejam tomates sejam outros objetos simbólicos, precisámos de dar um grito, do mais fundo do nosso ser, e deixar sair tudo cá para fora! Lançar tudo para o mais longe possível! Deixar de andar em pézinhos de lã, com medo de partir as cascas de ovo, com receio do receio em si, já sem saber bem por que motivo, mais por hábito do que qualquer outra coisa. Mas se quiseres os tais tomates, também os temos!

Mas precisamos viver, respirar fundo, resplandecer, cumprir a nossa missão nesta bola azul rodeada de infinito, fazer pelos outros mais do que o que fazem por nós, certos de que esta pegada vale a pena deixar.

A nossa marca, distinta e indelével no coração de quem nos rodeia, é tudo o que poderemos deixar para que a nossa existência não seja em vão e com ela homenageemos aqueles que já cá não estão mas vivem permanentemente no nosso coração.

Festeja-te!

Be your self – Be your best – Enjoy your life!

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2 Responses

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