O que é o Amor

Chegou a altura do ano de se começarem a dizer baboseiras. As montras enchem-se de rosa, vermelho e corações em apelos comerciais à demonstração do amor. Tal como o Natal, tudo passa por mostrar o que se sente – com coisas. Mas o amor é sobre conhecer o outro, completar o outro, completando-se. O Amor vem de muitas formas, sentido e vivido muito para além das coisas. Bem, um miminho na altura certa nunca fez mal, demonstrar que se ama com uma lembrança.

Mas nunca fui pessoa de datas de calendário, ou seja, lá porque é dia de Todos os Santos ou Dia dos Namorados não quer dizer que seja obrigatoriamente nesses dias que se façam as tais demonstrações. Prestar homenagem a alguém ou dizer a alguém que a amamos deve ser em datas que sejam especiais, queridas, da pessoa em questão e não necessariamente quando nos dizem para o fazer! Sinto que estes dias marcados no calendário acabam mais a ser competições de grandeza (a campa mais esfregada, o arranjo de flores mais vistoso, o presente com mais balões aos coraçõezinhos) no sentido de nos mostrarmos a nós a terceiros mais do que homenagear ou mimar a pessoa em questão.

Claro que sabe bem, ao longo de 23 anos, que na realidade já são 28, receber, sem falta, um ramo de rosas sempre com mais uma rosa do que no ano anterior. Mas o Amor é mais do que isso. É secá-las e guardá-las a todas numa taça de cristal. É o “Estás bem?” quando apenas regressámos à cama depois de ir à casa de banho a meio da noite, seguido de um encostar de mão e um ressonar compassado. É o trazer do supermercado aquelas coisas de que só o outro gosta mesmo quando o outro anda desesperadamente a tentar não comer dessas coisas. É não conseguir passar mais de dois dias zangado, desapontado ou triste com o outro mesmo que o outro ache que não havia razão para tal. É ser o Yin para o Yang sabendo que sem o Yang não somos sequer um.

Amor é também dizer “Eu sei que me amas”. É estar bem, só encostados, sem dizer nada, a sentirem-se um ao outro. É trazer uma caneca de café mesmo quando já estamos atrasados para sair. É levantar de propósito para ir buscar uma bolachinha para o outro que está mesmo ali ao lado. É acabar as frases do outro e saber em que está a pensar sem serem precisas palavras. “E é amar-te assim perdidamente e é seres alma e sangue e vida em mim e dizê-lo cantando a toda a gente”* É tudo e é muito mais…

EU SEI QUE ME AMAS.

*Excerto do Poema “Ser Poeta”de Florbela Espanca

**Post originalmente escrito em Português

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4 Responses

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